segunda-feira, 27 de junho de 2011

Celibato, a palavra dos pastores... (Final)

Mão que santificam, que ama e perdoa.
Não podemos baixar o nível da proposta da fé

O celibato é questão de radicalidade evangélica. Pobreza, castidade e obediência não são conselhos reservados de modo exclusivo aos religiosos. São virtudes para serem vividas com intensa paixão missionária.

Não podemos baixar o nível da formação e, sobretudo, da proposta de fé. Não podemos frustrar o povo santo de Deus, que espera pastores santos como o Cura d'Ars. Devemos ser radicais na sequela Chisti, sem temer a diminuição do número de clérigos. De fato, tal número decresce quando baixa a temperatura da fé, porque as vocações são "trabalho" divino e não humano. Elas seguem a lógica divina, a qual é insensatez aos olhos humanos.

Umas das mais eficazes vias para superar a secularização

Dou-me conta, obviamente, de que num mundo secularizado é cada vez mais difícil compreender as razões do celibato. Mas, como igreja, devemos ter a coragem de nos perguntar se tencionamos nos resignar a esta situação, aceitando como inevitável a progressiva secularização das sociedades e das culturas, ou se estamos preparados para uma obra de nova evangelização profunda e real, a serviço do evangelho, e por isso, da verdade sobre o homem.

Acho nesse sentido, que o fundamentado apoio ao celibato e sua adequada valorização na igreja e no mundo possam representar algumas das vias mas eficazes para superar a secularização.

Centralidade da dimensão antológica e sacramental

A raiz teológica do celibato pode, pois,  ser encontrada na nova identidade dada àquele que honrado com o Sacramento da Ordem.

A centralidade da dimensão ontológica e sacramental, e a consequente estrutural dimensão eucarística do sacerdócio, representam os âmbitos de compreensão, desenvolvimento e fidelidade existência ao celibato. A questão, portanto, diz respeito à qualidade da fé. Uma comunidade que não tenha em grande estima o celibato, qual expectativa do Reino ou qual tensão eucarística poderá viver?

Não devemos, pois, nos deixar condicionar ou intimidar por quem não compreende o celibato e quereria modificar a disciplina eclesiástica, ao menos abrindo fissuras. Pelo contrário, devemos recuperar a fundamentada consciência de que nosso celibato desafia a mentalidade do mundo, colocando em crise seu secularismo e seu agnosticismo e bradando, nos séculos que Deus existe e está presente.

(L' Osservatore Romano, 23/03/2011 - Tradução: Arautos do Evangelho)

Nenhum comentário:

Postar um comentário